‘Sambeiro pianeiro’, Benito Di Paula chega aos 80 anos com grande obra que fala por si só

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    ANÁLISE – Quando Benito Di Paula viveu o auge da popularidade ao longo dos anos 1970, com sucesso que se estendeu em menor escala até meados da década de 1980, houve quem diminuísse na imprensa musical o samba criado e tocado por esse cantor, compositor e músico fluminense ao piano.

    Mal sabiam que, embora as críticas injustas e preconceituosas magoassem Benito, o próprio Uday Velloso – nome de batismo desse artista fluminense nascido em 28 de novembro de 1941 em Nova Friburgo (RJ) e criado no Rio de Janeiro (RJ) antes de partir para cidades de São Paulo, como Santos (SP) e a capital do estado – jamais se considerou sambista da dinastia de Martinho da Vila e Paulinho da Viola, ambos também com grande sucesso na década de 1970.

    Benito sempre se rotulou publicamente como sambeiro. E também como pianeiro. Porque foi no toque percussivo do piano que Benito Di Paula fazia a própria batucada com suingue brasileiro que, de certa forma, antecipou o pagode paulista que seria propagado nos anos 1990 por grupos como Raça Negra com arranjos cheios de teclados.

    E o fato é que o sambeiro pianeiro delineou assinatura singular na música do Brasil e chega hoje aos 80 anos com obra em processo de expansão e reavaliação. A ampliação do cancioneiro acontece com a edição do álbum de músicas inéditas O infalível zen, lançado estrategicamente neste domingo, 28 de novembro, dia do 80º aniversário de Benito.

    O cantor debutou em disco em 1967 e, há 50 anos, lançou o primeiro álbum, Benito Di Paula (1971), ao qual se sucedeu o segundo, Ela (1972), lançado um ano depois com o primeiro sucesso do artista, Violão não se empresta a ninguém (1972).

    Contudo, o reinado de Benito Di Paula começou de fato em 1973 com dolente samba-canção, Retalhos de cetim, apresentado em single blockbuster naquele ano de 1973.

    Retalhos de cetim foi o ponto de partida para o sucesso de obra que – calcada no mix do piano tocado pelo artista com instrumentos de percussão – rendeu sucessivos hits até 1984, mas sobretudo de 1973 a 1977.